quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pais Brilhantes Professores Fascinantes

PARA ONDE CAMINHA A JUVENTUDE
Na integra do Autor Augusto Cury
Do livro Pais brilhante & professores Fascinantes
Editora SEXTANTE 16ª Edição 2003-RJ
Leitura obrigatória para Pais e professores

Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo.

Nossa geração quis dar o melhor para as crianças e os jovens. Sonhamos grandes sonhos para eles. Procura­mos dar os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. Não queríamos que eles andassem na chuva, se machucas­sem nas ruas, se ferissem com os brinquedos caseiros e vivessem as dificuldades pelas quais passamos.
Colocamos uma televisão na sala. Alguns pais, com mais recursos, colocaram uma televisão e um computador no quarto de cada filho. Outros encheram seus filhos de ativi­dades, matriculando-os em cursos de inglês, computação, música.
Tiveram uma excelente intenção, só não sabiam que as crian­ças precisavam ter infância, que necessitavam inventar, correr riscos, frustrar-se, ter tempo para brincar e se encantar com a vida. Não imaginavam o quanto a criatividade, a felicidade, a ousadia e a segurança do adulto dependiam das matrizes da memória e da energia emocional da criança. Não compreenderam que a TV, os brinquedos manufaturados, a Internet e o excesso de atividades obstruíam a infância dos seus filhos.
Criamos um mundo artificial para as crianças e pagamos um preço caríssimo. Produzimos sérias conseqüências no território da emoção, no anfiteatro dos pensamentos e no solo da memória deles. Vejamos algumas conseqüências.

Obstruindo a inteligência das crianças e adolescentes
Esperávamos que no século XXI os jovens fossem solidá­rios, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não têm garra e projetos de vida.
Imaginávamos que, pelo fato de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de tra­balho e nos clubes, a solidão seria resolvida. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, têm medo de se expor, vivem represadas em seu próprio mundo. Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias, frustrações.
Na escola, a situação é pior. Professores e alunos vivem juntos durante anos dentro da sala de aula, mas são estranhos uns para os outros. Eles se escondem atrás dos livros, das apostilas, dos computadores. A culpa é dos ilustres profes­sores? Nãol A culpa, como veremos, é do sistema educa­cional doentio que se arrasta por séculos.
As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e acertá-Ios, mas a vida é cheia de contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem têm conta exata.
Os jovens são preparados para lidar com decepções? Não!
Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento nos constrói ou nos destrói. Deve­mos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Mas quem se importa com a sabedoria na era da informática?
Nossa geração produziu informações que nenhuma outra jamais produziu, mas não sabemos o que fazer com elas. Raramente usamos essas informações para expandir nossa qualidade de vida. Você faz coisas fora da sua agenda que lhe dão prazer? Você procura administrar seus pensamentos para ter uma mente mais tranqüila? Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender.

Usando erradamente os papéis da memória
Fizemos da memoria de nossas crianças um banco de dados. A memória tem esta função? Não ! Veremos que du­rante séculos a memória foi usada de maneira errada pela es­cola. Existe lembrança? Inúmeros professores e psicólogos do mundo todo crêem sem sombra de dúvida que existe lem­brança. Errado! Não existe lembrança pura do passado, o passado é sempre reconstruído! É bom ficarmos abalados por esta afirmação. O passado é sempre reconstruído com micro ou macrodiferenças no presente.
Veremos que há diversos conceitos equivocados na ciência sobre o fantástico mundo do funcionamento da mente e da memória humana. Tenho convicção, como psiquiatra e como autor de uma das poucas teorias da atualidade sobre o pro­cesso de construção do pensamento, de que estamos obstruindo a inteligência das crianças e o prazer de viver com o excesso de informações que estamos oferecendo a elas. Nos­sa memória virou um depósito de informações inúteis.
A maioria das informações que aprendemos não será orga­nizada na memória e utilizada nas atividades intelectuais. Imagine um pedreiro que a vida toda acumulou pedras para construir uma casa. Após construí-Ia, ele não sabe o que fazer com as pilhas de pedras que sobraram. Gastou a maior parte do seu tempo inutilmente.
O conhecimento se multiplicou e o número de escolas se expandiu como em nenhuma outra época, mas não estamos produzindo pensadores. A maioria dos jovens, incluindo univer­sitários, acumula pilhas de "pedras", mas constroem pouquíssi­mas idéias brilhantes. Não é à toa que eles perderam o prazer de aprender. A escola deixou de ser uma aventura agradável.
Paralelamente a isso, a mídia os seduziu com estímulos rápidos e prontos. Eles tornaram-se amantes do fast food emocional. A TV transporta os jovens, sem que eles façam esforços, para dentro de uma excitante partida esportiva, para o interior de uma aeronave, para o cerne de uma guerra e para dentro de um dramático conflito policial.
Esse bombardeio de estímulos não é inofensivo. Atua num fenômeno inconsciente da minha área de pesquisa, chamado' de psicoadaptação, aumentando o limiar do prazer na vida real. Com o tempo, crianças e adolescentes perdem o prazer nos pequenos estímulos da rotina diária.
Eles precisam fazer muitas coisas para ter um pouco de prazer, o que gera personalidades flutuantes, instáveis, insa­tisfeitas. Temos uma indústria de lazer complexa. Devería­mos ter a geração de jovens mais felizes que já pisaram nesta terra. Mas produzimos uma geração de insatisfeitos.

Estamos informando e não formando
Não estamos educando a emoção nem estimulando o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligên­cia, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor as idéias, gerenciar os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estamos informando os jovens, e não formando sua personalidade.
Os jovens conhecem cada vez mais o mundo em que estão, mas quase nada sobre o mundo que são. No máximo co­nhecem a sala de visitas da sua própria personalidade. Quer pior solidão do que esta? O ser humano é um estranho para si mesmo' A educação tornou-se seca, fria e sem tempero emo­cional. Os jovens raramente sabem pedir perdão, reconhecer seus limites, se colocar no lugar dos outros. Qual é o resultado?
Nunca o conhecimento médico e psiquiátrico foi tão gran­de, e nunca as pessoas tiveram tantos transtornos emocionais e tantas doenças psicossomáticas. A depressão raramente atingia as crianças. Hoje há muitas crianças deprimidas e sem encanto pela vida. Pré-adolescentes e adolescentes es­tão desenvolvendo obsessão, síndrome do pânico, fobias, timidez, agressividade e outros transtornos ansiosos.
Milhões de jovens estão se drogando. Não compreendem que as drogas podem queimar etapas da vida, levá-los a envelhecer rapidamente na emoção. Os prazeres· momentâ­neos das drogas destroem a galinha dos ovos de ouro da emo­ção. Conheci e tratei de inúmeros jovens usuários de drogas, mas não encontrei ninguém feliz.
E o estresse? Não apenas é comum detectarmos adultos estressados, mas também jovens e crianças. Eles têm fre­qüentemente dor de cabeça, gastrite, dores musculares, suor excessivo, fadiga constante de fundo emocional.
Precisamos arquivar esta frase e jamais esquecê-la:Quanto pior for a qualidade da educação, mais importante será o papel da psiquiatria neste século. Vamos assistir passi­vamente à indústria dos antidepressivos e tranqüilizantes se tornar uma das mais poderosas do século XXI? Vamos obser­var passivamente nossos filhos serem vítimas do sistema social que criamos? O que fazer diante desta problemática?

Procurando pais brilhantes e professores fascinantes
Devemos procurar soluções que ataquem diretamente o problema. Precisamos conhecer algo sobre o funcionamento da mente e mudar alguns pilares da educação. As teorias não funcionam mais. Bons professores estão estressados e geran­do alunos despreparados para a vida. Bons pais estão confu­sos e gerando filhos com conflitos. Existe no entanto uma grande esperança, mas não há soluções mágicas.
Atualmente, não basta ser bom, pois a crise da educação impõe que procuremos a excelência. Os pais precisam ad­quirir hábitos dos pais brilhantes para revolucionar a educação. Os professores precisam incorporar hábitos dos educadores fascinantes para atuar com eficiência no pequeno e infinito mundo da personalidade dos seus alunos.
Cada hábito praticado pelos educadores poderá contribuir para desenvolver características fundamentais da personalidade dos jovens. São mais de cinqüenta estas características. Entre­tanto, raramente um jovem tem cinco delas bem desenvolvidas.
Precisamos ser educadores muito acima da média se qui­sermos formar seres humanos inteligentes e felizes, capazes de sobreviver nessa sociedade estressante. A boa notícia é que pais ricos ou pobres, professores de escolas ricas ou carentes podem igualmente praticar os hábitos e técnicas pro­postos aqui.

Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibili­dade para aprender.

Aproveito para dedicar este texto ao professor Marcelo Oldra de Biologia Do Colégio Republica do Suriname- São Paulo –SP Leste 2 pela forma como tem desenvolvido suas práticas educativas com muita percepção educativa e formativa.

Parabéns “Gaúcho”
Na visão do Colega de Sociologia: Professor Fascinante

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